Palavras sentidas

Francisco d’Oliveira Raposo

Procura feitas de palavras à solta,
tantas vezes brotando como lava do fundo de cada um,
outras dolorosamente peneiradas,
num processo de criação.

Aqui estão os poemas que vou escrevendo.

E também de outros, mais provavelmente, mas não necessariamente, de  amigos.

Desfrutem. Critiquem. Digam coisas.

graffiti com os dois últimos versos do poema “Como uma Pedra no Silêncio” de Mário Dionísio, frente ao Centro Mário Dionísio – Casa da Achada

(quase) auto-retrato

retrato desenhado pela minha filha, Clara

Sou baixo,
peso demais,
não muito,
mas com uma barriguinha visível.

Gosto de cantar,
no chuveiro e fora dele.

Sou amigo dos amigos
e de muito que não sabe que sou amigo
Faltam-me dentes
(imensos).

Gosto de rir.
Vejo mal ou menos bem.

Mas vejo coisas que nem todos vêem…
porque não querem,
ou não sabem,
olhar a injustiça
e a obscena pobreza
que grassa num mundo
tão rico.

Vivi muito.
Passei mal.
Cai!
Levantei-me
– com a ajuda de amigos!!

Cá vou andando,
com a cabeça entre as orelhas,
remando contra a maré,
navegando à bolina
em busca do porto de abrigo
de onde possa recomeçar

Não desisto de ser livre
na extensão da liberdade
de todos os que não sabem que o não são.

Sou assim…

Complicado e simples