
Tu que
estivestes longe,
vieste de lá,
com raiva e alegria,
juntar a tua voz
à acção dos que se erguiam
para Mudar de Vida.
Incitaste a aprender o ABC
porque há todo um mundo novo para fazer.
Encontraste Vozes na Luta,
dos moradores das ilhas do Porto,
dos pescadores,
dos que constroem
a opulência das minorias.
Na Ronda do Soldadinho,
sabias algo de antigo e maior:
que atrás dos tempos virão tempos
como nos dizia Camões
Duma luta antiga e ancestral
estiveste com o Povo do Carvalhal:
É NOSSO!
Quando a História recuou,
nesse Novembro traidor,
não fugiste
para o cómodo do intelectual neutro.
Gritaste a nossa revolta
no FMI.
Sim, e verdade,
ameaças-te ficar só
largar tudo,
procurar a felicidade
no teu cantinho.
Estavas farto de «dirigentes»
que nos usam e descartam
para servir os seus pequenos poderes
Do que um homem é capaz
sabias, sem ilusões.
Mas perserverastes,
olhando aqueles
que irão mudar o mundo
com uma confiança
feita de razão, sim,
mas também de coração.
Recusastes
«doutores» que nos querem dar
remendos e côdeas
A mãe do passarinho
continua a carregar o pão para o ninho
e continuamos a procurar a chave
do portão do nosso destino.
Mas, nos teus cânticos, camarada,
teremos o farnel para continuar
Obrigado, Zé.