sob o mote dado pelo meu amigo Manuel Monteiro
Dizes
que agora
sabes ser
névoa desfocada:
Vê se te focas então.
Dizes que,
raiz que és,
não tens forças para te ligar à terra:
Ganha forças
e entranha-te
Dizes que
da migração da ave
apenas vislumbras
o mesmo território:
Abre as asas e parte,
cerra as asas e chega.
Não te deixes embalar no “nada ser”. Tu és.
Nas tumultuosas épocas que chegam
muitos nos segredam receitas e mezinhas,
apregoando supremas sabedorias:
«Escuta o teu “eu”!
Fecha o espírito ao reboliço!
Nada és, nada podes!»
Mas…
livra-te do medo
e regressa à terra fecunda dos nossos pais e dos nossos filhos.
E com eles, sempre com eles,
sê a nuvem da tempestade,
sê raíz firmada na terra,
sê ave bêbada de liberdade.
Onde estiveres,
com os teus,
com os nossos,
Anuncia as tempestades
Que trazem no ventre
nova Vida