por causa d’A VIAGEM
Perguntam-me qual é o meu caminho

Cá vou andando, entre o fui, o que sou e o que serei…
Em tempos os dias corriam ao desafio, galgavam as avenidas onde marcham, sincronizados, os que não questionam «Porquê?» mas eu julgava fintar a marcha pelas transversais, descobrindo travessas e becos e suspendendo a respiração quando me deparava com um recanto que sentia parte de mim.
Nessa busca, alguns diriam frenética, não me faltava o ar, sobejava-me plátanos de Outono e tardes incendiadas por por-do-sol na praia.

Saltitava de rocha em rocha, enterrava os pés na areia molhada, e aos que procuravam que andava à procura, aprendi com o cantor a dizer «Não sei, mas essa coisa é que é lida..»
Vieram depois os tempos em que procurei encaixar-me nas marchas das avenidas, mas olhava o espelho e do outro lado uma névoa de insatisfação olhava-me reprovadoramente.
Ainda insisti, mas tenho por debaixo da pele a ânsia de compreender.
Desisti, e redescobri-me.
Sei agora, que é no caminho que me completo.

Procuro ângulos estranhos, estranhas coisas, e o porquê destes, a causa daquelas, os sonhos de muitos,a partícula que irá desabrochar as mãos dadas e os sorrisos. A improvável utupia de viver numa terra de Mulheres e Homens Integrais, que não precisam mais de avenidas onde marcham a sua tristeza.
E, qual andarilho do vento, continuo a procurar o que serei.
O espelho, agora, reflecte um brilho que julgava perdido nos tempos de moço.
Suspeito que quando morrer irei a andar…
Mas quero lá saber… alguém estará comigo e sabe-me bem caminhar!
É no caminhar que a gente aprende.
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