Deste lado do Muro,
sob o troar do canhões,
sob a chuva da metralha,
soterraram meninos que não serão homens;
esperanças frágeis de um devir melhor.
Agora
por conveniência estratégica,
retiram as botas cardadas,
deixando um rasto
de ignomínia.
Do outro lado da fronteira, do outro lado do Muro,
ecoam as lamentações ancestrais
dos sobreviventes.
Talvez que
a Primavera regresse,
os pomares reverdejam
outros meninos soriam
e possam,
tranquilamente,
usar as pedras dos muros,
os destroços da guerra
para construir
escolas, fábricas, casas, jardins
e reaprendam a dar as mãos,
confiantemente,
aos meninos do outro lado do Muro.